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Plano Amazônia: Santander, Itaú e Bradesco tentaram embolsar R$ 15 milhões do edital

11/07/2023

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O The Intercept Brasil, com colaboração do Joio e o Trigo, publicou no dia 26 de junho uma reportagem denunciando que executivos do Santander, Itaú e Bradesco planejaram pedir ajuda ao então presidente do BNDEs (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na gestão Bolsonaro, Gustavo Montezano, para embolsar um edital de R$ 15 milhões.

Os três maiores bancos privados do país criaram em 2020 o Plano Amazônia, iniciativa com o objetivo de “contribuir para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”. A reportagem obteve áudios inéditos dessas reuniões internas entre os bancos, realizadas em maio de 2022.

Em um dos áudios, Leonardo Fleck, líder de inovação sustentável do Santander, sugeriu que os bancos integrantes do Plano Amazônia participassem de um edital de blended finance – financiamento não reembolsável de iniciativas com impacto social ou ambiental positivo – do BNDES, em conjunto com a Fundação CERTI, uma organização catarinense de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. O edital seria de R$ 15 milhões.

Segundo o executivo do Santander, ele estava “interagindo bastante com o BNDES” e se o Itaú e Bradesco concordassem entrar, ele diria: ‘Olha, estamos com uma proposta com os três bancos, ajuda a gente aí’. [Vou] usar a nossa influência. Vocês também, os contatos que vocês [têm]”.

Representando o Bradesco, Fabiana Costa, gerente de sustentabilidade do banco, respondeu: “Com certeza, os nossos COs [diretores] têm um relacionamento ótimo com eles [BNDES], então dá até para puxar uma agenda depois”.

“Com essas duas entregas, essa e a da [normativa da] Febraban, eu se fosse conselheiro do plano estaria super satisfeito”, declarou o executivo do Santander. “Acho que [são] dois golaços de nível estrutural setorial, saindo fora do bowl [escopo], digamos assim, do que a gente costuma fazer”, finalizou.

Apesar da tentativa, os bancos do Plano Amazônia não foram contemplados pelo edital.

Normativa 

A normativa citada por Leonardo Fleck foi publicada em maio deste ano e dispõe sobre concessão de crédito a frigoríficos. Os veículos de jornalismo investigativo também obtiveram gravações sobre o tema. As conversas aconteceram nas reuniões do GT, que era responsável por pesquisar potenciais medidas do setor bancário com relação à concessão de crédito para frigoríficos e organizá-las num documento de estratégia comum, a ser seguido pelos três bancos.

Em uma dessas reuniões, os executivos afirmaram que a normativa da Federação Brasileira de Bancos teria sido criada por eles. A regra sobre restrição da concessão de crédito para frigoríficos ligados ao desmatamento ilegal na Amazônia teria sido copiada de uma súmula desenvolvida no Grupo de Trabalho Medida 1: Indústria da Carne e Frigoríficos do Plano Amazônia.

A reportagem mostra também que os integrantes do GT Carnes temiam a possibilidade de serem enquadrados por formação de cartel, ao estabelecer condições de mercado apenas entre si. Por isso, reforçavam a importância de manter as conversas com a Febraban em sigilo.

“A gente não quer ser visto no mercado […] como os impulsionadores, apesar de a gente saber que a gente é, do que está acontecendo na Febraban”, disse Fleck. “Mas o ideal é que a gente não seja percebido dessa forma, para não chamar muita atenção negativa para nós. […] Tem que ter esse cuidado”.

O que dizem os envolvidos

O BNDES afirmou em nota que sua diretoria de conformidade solicitará a abertura de uma auditoria interna para apurar se houve irregularidade ou favorecimento no edital. Caso seja constatada alguma ilegalidade, os envolvidos serão responsabilizados.

A Febraban enviou uma nota ao Joio e a Intercept admitindo que a súmula do Plano Amazônia foi “uma das referências consideradas para a elaboração do normativo”, assim como outros protocolos voltados ao setor da pecuária. No entanto, disse que a norma seguiu o estatuto da entidade.

Itaú, Bradesco e Santander não se manifestaram, assim como os executivos envolvidos nas gravações: Leonardo Fleck, Christopher Wells e Silvia Chicarino do Santander; Guilherme Treu, do Itaú; Fabiana Costa e Gustavo Acra do Bradesco; e Aline Aguiar, do Rabobank.

 

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