Diante da situação insustentável que vem ocorrendo no Itaú, onde a pressão por vendas e pelo cumprimento de metas inatingíveis está cada vez mais incessante, absurda e doentia, o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região entregou, no dia 14, ao Ministério Público do Trabalho, denúncia sobre o caso.
Na denúncia, a entidade solicita a instauração de inquérito civil para apuração da conduta abusiva do banco (veja abaixo), que tem levado seus empregados ao esgotamento e adoecimento físico e psicológico.
“As cobranças por metas e resultados são realizadas em reuniões diárias, frequentemente de forma vexatória, com ameaças de demissão sem qualquer disfarce e vêm em cascata: parte da gerente regional para o gerente geral da agência, que as repassa aos subordinados” declara o Sindicato no documento.
As demissões injustificadas também foram relatadas ao órgão. Como exemplo, foi citada regra interna do banco que define: a demissão por “baixa performance” só pode ocorrer seis meses após a avaliação. Contudo, essa regra não é seguida e há funcionários sendo demitidos dois meses da última avaliação.
Apesar de ser expressamente proibida, outra irregularidade praticada é a cobrança de metas em grupos de WhatsApp. “Vamos fechar com toda energia a nossa semana e caprichar na ação de crédito e renegociação. Não esqueçam de enviar o ritmo no final do dia”, diz uma das mensagens, enviada aos empregados às 6h53 da manhã.
Para o Sindicato, o problema do Itaú é institucional, mas é agravado pela atuação da gerente regional Karina.
ALGUMAS DAS PRÁTICAS DO ITAÚ DENUNCIADAS AO MPT
- MODELO “30×3” – Obrigatoriedade do funcionário realizar 30 atendimentos por dia e 3 vendas de produtos. A produção não realizada fica acumulada para o dia seguinte;
- RANKEAMENTO PÚBLICO – Toda produção deve ser informada na plataforma “Microsoft Teams”, onde cada funcionário tem acesso a produção diária dos colegas;
- CONSTANTES AMEAÇAS DE DEMISSÃO – Gerência regional usa dos modelos acima, para ameaçar desligamentos, causando medo e adoecimento;
- USO DO CELULAR PARTICULAR PARA TRABALHO – O Itaú não fornece aparelho celular corporativo, de modo que o funcionário se vê obrigado a utilizar seu celular e número próprio. Há relatos de episódios de assédio sexual pelos clientes, com comentários ofensivos (em fotos, por exemplo);
- REDES SOCIAIS – O banco determina que o empregado utilize redes sociais pessoais para promover e divulgar seus resultados, quando positivos. Denúncias também apontam que a gerente regional exige que o funcionário procure clientes pelo Instagram e faça visita domiciliar para cobrá-los;
- NEGAR ABERTURA DE CAT – Mesmo com pedidos do médico assistente do trabalhador, o Itaú não realiza a abertura de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e tampouco adapta o trabalhador a outra função quando necessário;
- AVALIAÇÕES DE CLIENTES – Caso o funcionário receba 9 avaliações positivas e UMA avaliação negativa, essa última ANULA todas as outras, até que novo ciclo de atendimentos seja completo;
- DESVIO DA FUNÇÃO DE ESTÁGIO – Estagiários atuam como bancários, sendo cobrados a atingir metas de venda.
Foto: Em março, o Sindicato dos Bancários realizou protesto no Itaú da Ezequiel Ramos, em Bauru, para rebater as mentiras propagadas pelo banco. Como uma instituição que pratica tudo o que consta no box ao lado, pode ser merecedora do prêmio “Great Place To Work 2022”? Inacreditável!