Em uma live do programa Violações e Retrocessos, promovida por professores do curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o ex-presidente Michel Temer concordou que seus ministros exageraram nas previsões relativas à reforma trabalhista, aprovada em 2017, durante seu mandato.
Um dos entrevistadores, o advogado Ramon Bentivenha, lembrou que Henrique Meirelles, o então ministro da Fazenda, estimou a criação de 6 milhões de empregos a partir da aprovação da reforma, e que Ronaldo Nogueira, ministro do Trabalho, estimou a criação de 2 milhões de empregos em dois anos, ao que Temer respondeu:
“Quero concordar com a sua afirmação […] de que o nosso ministro Meirelles e Ronaldo Nogueira exageraram nas suas previsões. Eles estavam pautados pela ideia, que na verdade é muito comum aqui no Brasil, que é o seguinte: quando você produz uma lei no Brasil, no dia seguinte, o céu é azul, você não tem desemprego, você não tem insegurança.”
De acordo com a Folha de S.Paulo, “em novembro de 2019, dois anos depois da reforma trabalhista, o Brasil ganhou 1,15 milhão de vagas com carteira assinada, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados)”. No entanto, só em 2015 e 2016 foram fechados mais de 2,86 milhões de empregos.
Apesar da discrepância entre as previsões e a realidade, Temer defendeu a reforma. O ex-presidente disse que ela não tirou direitos dos trabalhadores, apenas “modernizou” as relações com empregadores. Destacou, ainda, que houve uma “paralisação” no desemprego com a aprovação das mudanças e crescimento do trabalho informal.
“Não havia como não modernizar as relações trabalhistas. O que fizemos foi flexibilizar o contrato de trabalho, porque na minha cabeça estava o seguinte: é melhor você arrumar trabalho flexível do que não ter o emprego. […] Se você me perguntar, você faria o mesmo? Eu faria o mesmo”, disse ele.