Terça-feira passada, dia 20, diretores do Sindicato dos Bancários de Bauru e Região estiveram em Avaré para protestar contra duas demissões efetuadas pelo Santander. O protesto ocorreu em frente à principal agência da cidade.
O banco dispensou sem justa causa um bancário que atuava há seis anos no local, mas que já tinha 19 anos de casa. Além dele, mandou para o olho da rua uma mulher com dez anos de banco.
Durante o protesto, o Sindicato questionou o gestor da agência sobre o motivo das demissões e a resposta foi a mesma ladainha de sempre: produtividade.
Para o Sindicato, essa justificativa é um absurdo, pois não há como os funcionários baterem as metas em plena crise econômica, agravada pela pandemia do novo coronavírus.
A entidade já está dando suporte jurídico aos demitidos e reafirma que não se calará diante das demissões em massa no banco.
A sequência de demissões no Santander começou em junho, e até o momento o banco já dispensou mais de 15 empregados na região de Bauru e mais de 1.063 empregados em todo o Brasil.
O Brasil gera 32% do lucro mundial do grupo espanhol Santander. No primeiro semestre deste ano, a filial brasileira do banco teve lucro líquido de R$ 6 bilhões. Ou seja: não há motivos para o Santander dispensar centenas de funcionários em plena pandemia.
Mais de 12 mil demissões
Segundo a Contraf, os bancos já demitiram mais de 12 mil trabalhadores neste ano, descumprindo o acordo feito com o movimento sindical bancário em março, segundo o qual não haveria demissões durante a pandemia.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia, houve 12.794 demissões e 11.405 contratações em 2020, o que resulta num saldo negativo de 1.389 postos de trabalho fechados.
Os números do Caged deixam claro que o ritmo das demissões nos bancos só vem aumentando desde junho. Naquele mês, foram registradas 1.363 demissões, número que subiu para 1.634 em julho e que chegou a 1.841 no mês de agosto.
O Sindicato é contra a prática do turnover, que consiste no rodízio de trabalhadores. Para aumentarem seus lucros, os bancos dispensam os trabalhadores mais “caros” (por causa de anuênios, promoções etc.) e contratam gente mais nova, com salário mais baixo. Além disso, as dispensas são uma forma de tentar se livrar de passivos trabalhistas, já que bancários de longa data começam a demonstrar sinais de adoecimento.