O Banco Central (BC), por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciou em 19 de junho a manutenção da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), em 10,5% ao ano, interrompendo um histórico de sete reduções seguidas. A decisão, unânime, foi um sinal ótimo para o mercado – e péssimo para a população.
Em resumo, a Selic, por ser uma taxa básica, influencia outras taxas de juros do País, como de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Ela é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a inflação, e tem impacto importante na economia e na geração de empregos.
Funciona assim: se as autoridades entendem que existe expectativa de aumento da inflação para os próximos meses, a tendência é que o BC opte por aumentar a taxa básica de juros – ou mantê-la em um patamar – para frear o consumo.
Suposta tendência de aumento da inflação
Para justificar a manutenção da taxa Selic em 10,5%, o Copom argumentou que há expectativa futura de suposta tendência de aumento da inflação no Brasil e de desvalorização do Real, além do ambiente externo “adverso” com a “incerteza elevada e persistente sobre a flexibilização da política monetária dos Estados Unidos”.
Porém, acontece que, neste momento, a inflação brasileira anual está em situação controlada e inferior a 4%, bem abaixo da taxa básica de 10,5% mantida pelo Copom nesta semana.
Por que, então, o BC tomou essa decisão? Simples: porque era essa a expectativa do mercado. A medida mais uma vez escancara que, na prática, o Banco Central do Brasil não é independente e não está ali para agir em conformidade com a realidade do povo brasileiro.
Aliás, mostra também que a autarquia é independente sim do governo, mas dependente de investidores, rentistas, banqueiros, acionistas, detentores de dívidas públicas e outros pequenos grupos que concentram muito capital – e conseguem ganhar ainda mais dinheiro com a Selic neste patamar.
Maior endividamento
Quanto maior a Selic, maior o impacto na maior parte da classe trabalhadora, pois torna o crédito (empréstimos, financiamentos, entre outros) mais caro para famílias e empresas, elevando o endividamento e impedindo investimentos reais, que poderiam gerar mais empregos.
Além disso, também prejudica a União, que resulta em aumento de custos no pagamento dos títulos da dívida pública e, consequentemente, redução de recursos para outras áreas importantes, como saúde e infraestrutura.
O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região discorda da decisão do Copom e entende que a manutenção da Selic apenas impede que o BC cumpra com sua missão de colaborar com a geração de emprego e renda, e atue no sentido de boicotar o desenvolvimento econômico e social do País.
O Copom não é instrumento político para disputas político-partidárias!