Em razão do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, o Santander divulgou um comunicado interno, no qual enumera suas ações no fortalecimento da “visão de diversidade para as pessoas pretas e pardas”.
O comunicado afirma que 35,4% dos profissionais do Santander são negros (pretos e pardos), uma evolução de seis pontos percentuais – o texto não informa em qual período. Contudo, de acordo com dados do Formulário de Referência 2023, referente ao exercício de 2022, a realidade é bem diferente da exaltada pelo banco.
No Santander, pessoas brancas compõem 100% do conselho de administração e 96% da diretoria. Apenas 2% dos diretores são pardos. Os outros 2% são amarelos ou indígenas. Não há nenhum preto nem no conselho de administração e nem na diretoria. Ainda segundo o Formulário, os brancos compõem 85,7% dos 1.291 cargos de liderança, os pretos 1,7% e os pardos 7,3%.
Abismo racial
Em 2021, no sistema financeiro, de um total de aproximadamente 450 mil trabalhadores bancários, os negros ocupavam apenas 110 mil vagas. Pretos e pardos representavam 20,3% da totalidade das ocupações relacionadas aos cargos de liderança na categoria bancária, enquanto os brancos representavam 75,5% destes cargos.
A situação dos jovens negros no setor também é alarmante. A juventude com até 29 anos, representava apenas 17,8% dos bancários. Desse grupo, apenas 31,6% eram negros, e em maior número entre 18 e 24 anos.
Nacional
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PnadC-IBGE), embora representem 56,1% da população em idade de trabalhar, os negros ocupavam no 2º trimestre de 2023, apenas 33,7% dos cargos de direção e gerência.
O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região espera que o Santander pare de “maquiar” suas ações de diversidade e comece, de fato, a promover inclusão racial, principalmente, nas funções de liderança.