O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região realizou ontem, dia 4, um protesto fúnebre no banco Santander da rua Primeiro de Agosto, no Centro de Bauru, contra a demissão de uma bancária que estava em tratamento oncológico. Durante o protesto, que contou com um caixão e coroas de flores, foi realizado um “velório” pela morte do respeito aos funcionários.
Não é novidade a falta de respeito do Santander com seus funcionários e clientes. Em setembro, o banco foi condenado a pagar indenização de R$ 274 milhões por dano moral coletivo. O banco está entre as sete empresas que mais adoecem trabalhadores no Brasil. A cada 2 horas e 48 minutos, um bancário adoece no Santander e dois bancários por dia são afastados por doença mental ou acidente de trabalho.
A imensa maioria destes afastamentos é por conta do adoecimento mental entre os empregados, resultado do assédio moral diário, onde eles são submetidos a metas abusivas e a cobranças excessivas. Condenado, o Santander deveria mudar suas práticas, no entanto não é isso o que acontece.
Crueldade
O banco demitiu três bancárias na semana passada, sendo o caso mais grave o da trabalhadora que está sob tratamento oncológico. O gerente geral da agência Primeiro de Agosto tinha pleno conhecimento do quadro clínico da bancária e endossou a demissão mesmo assim.
Na mesma semana, um bancário de Campos dos Goytacazes (RJ) foi demitido mesmo com a mãe estando em como há três meses e mesmo sem ter faltado um único dia ao trabalho.
Para o Sindicato, a insensibilidade do banco diante do adoecimento de seus funcionários e as demissões injustificadas são inaceitáveis!
Somente nos primeiros nove meses de 2019 o banco apresentou lucro líquido gerencial de R$ 10,824 bilhões. Além disso, o Brasil, atualmente, responde por 29% do lucro mundial da instituição espanhola.
O Sindicato irá à Justiça do Trabalho solicitar o cancelamento dessa demissão injusta e revoltante.
E o lucro segue subindo!
Se olharmos apenas os resultados mais recentes do Santander, essa cruel gestão atual faz todo o sentido – afinal, o banco espanhol nunca lucrou tanto no Brasil.
O Santander obteve lucro líquido de R$ 10,433 bilhões nos nove primeiros meses do ano, tendo crescido 18,1% na comparação com o mesmo período de 2018. Já o lucro gerencial, que não leva em conta eventos extraordinários, foi de R$ 10,824 bilhões (20,4% maior que o dos nove primeiros meses do ano passado).
Embora nos doze meses encerrados em setembro o Santander tenha alcançado a marca de 49.482 empregados (com a abertura de 1.646 postos de trabalho), esse número é muito inferior ao dos seus principais concorrentes, o que evidencia o acúmulo de serviço que os bancários enfrentam.
A seguir, veja alguns outros números do banco espanhol que comprovam o agravamento do seu estilo de gestão baseado no assédio institucionalizado, que só adoece os bancários.
- R$ 274 milhões é a multa aplicada ao Santander por dano moral coletivo pelo juiz Gustavo Carvalho Chehab, da 3ª Vara do Trabalho de Brasília
- A cada 2h48min um bancário do Santander adoece, segundo cálculo do juiz que condenou o banco a pagar multa de R$ 274 milhões
- 2 por dia é o número de bancários do Santander que em 2014 foram afastados por doença mental ocupacional ou acidente de trabalho
- R$ 57,4 mi é o valor que a Previdencia Social gastou entre 2010 e 2015 com os adoecimentos e afastamentos do Santander
- 1.784 funcionários do Santander obtiveram o benefício auxílio-doença junto ao INSS entre os anos de 2012 e 2016