O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região realiza no dia 22, às 18 horas, uma assembleia para os associados decidirem se as 30 cadeiras da Diretoria Executiva devem continuar sendo distribuídas proporcionalmente (com base no percentual de votos válidos obtido por cada chapa nas eleições) ou se a regra da proporcionalidade deve acabar (assim, a chapa escolhida pela maioria dos bancários dirige a entidade).
Leia abaixo o posicionamento das duas correntes que integram a atual Diretoria, sendo a FNOB a favor do fim da proporcionalidade e o MNOB, contra.
Pelo fim da proporcionalidade! Pela Diretoria Colegiada, sem presidencialismo!
Vamos fazer uma viagem pelo tempo. Estamos em dezembro de 2015, faltando pouco mais de um mês para a última eleição do Sindicato dos Bancários de Bauru e Região. A chapa ligada ao MNOB/PSTU ajuíza uma ação para impedir a candidatura de Priscila Rodrigues, diretora da entidade. (Priscila foi respaldada pelos votos dos bancários, mas, em abril de 2016, mesmo depois de tomar posse, o Banco Votorantim se apropriou da tese judicial do MNOB e demitiu Priscila.)
Metade de 2016. Alguns bancários que foram eleitos pela chapa da FNOB romperam com a chapa e com o programa que ganhou a eleição e – não muito diferente do que aconteceu após a queda de Dilma da presidência – uniram-se ao MNOB para implementar um programa que não foi aprovado pela maioria nas urnas.
Setembro de 2016. Primeira reunião após a Campanha Salarial. O MNOB, junto com diretores que romperam com a FNOB, gravam sem autorização uma reunião da Diretoria. Parte desses diretores produzem ou dão aval a uma ata não produzida pelo diretor responsável (que inclusive foi levada a cartório e teve seu registro negado, tamanhas as falhas contidas nela) e envia essa ata e o áudio gravado clandestinamente visando prejudicar a diretora Michele Montilha. A BV Financeira afasta a diretora do banco sem remuneração.
Antes disso, podemos lembrar as constantes brigas em assembleias entre membros do PSTU e cutistas (Tadeu, Machini, Paulo Sérgio), que por muitas vezes afastavam os bancários do Sindicato.
O Sindicato sempre foi um terreno hostil para quem não concordava com a prática do MNOB/PSTU. Ou seja, a democracia nesta entidade nunca existiu plenamente.
Importante lembrar que, embora nossa central, a CSP-Conlutas, também adote a proporcionalidade, o Sindicato dos Bancários de Bauru é o único filiado a ela que mantém a Diretoria proporcional. Todos os que passaram por esta experiência abriram mão dela porque, na prática, no dia a dia, ela é muito ruim.
Queremos que a chapa vencedora da eleição do Sindicato tenha tranquilidade para trabalhar, sem bloqueios judiciais em conta, sem contratos aprovados clandestinamente (sem passar pela reunião da Diretoria), sem perseguições a dirigentes sindicais, e, principalmente, podendo implementar o programa escolhido pela maioria dos bancários, sem ter pessoas “de dentro” atuando contra a chapa vencedora.
A proporcionalidade, no papel, é ótima e justa. Na prática, ela prejudicou quase que todo o mandato da atual diretoria majoritária, onerou injustamente os cofres da entidade, prejudicou os bancários ao demitir de uma vez todo o corpo jurídico do Sindicato, além de ter permitido que diretores agissem de modo não muito diferente de um PMDB da vida. CHEGA!
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Pelo direito de voz às minorias! Proporcionalidade é a maneira mais democrática de direção de um sindicato
Em meados dos anos 1990, a direção do Sindicato dos Bancários de Bauru, que na época era filiado à CUT, resolveu, após consultas às bases, instituir a proporcionalidade direta e qualificada para a composição da diretoria do Sindicato, pensando em aprofundar a democracia na condução da entidade. Na época, como hoje, diversas correntes de pensamento político (sim, o sindicato é uma instituição política!) faziam parte da diretoria, e a proporcionalidade foi a melhor forma de dar voz a todas as correntes de pensamento existentes. Em caso de divergência sobre algum assunto, colocava-se em votação e a posição majoritária era seguida por toda a diretoria – chamamos isso de centralismo democrático, ou seja, uma decisão tomada pela maioria era seguida por todos os diretores, não tinha esse papo de “cada um faz o que quer…”. Esse método evita a concentração de poder nas mãos de um só diretor (presidente ou secretário geral), já que toda a diretoria participa das decisões.
COMO FUNCIONA?
A diretoria executiva do SEEB tem 30 diretores eleitos de forma proporcional, de acordo com o percentual de votos obtidos por cada chapa. Isto significa que, se numa eleição apresentam-se as chapas A, B e C que obtém respectivamente 50%, 30% e 20% dos votos, a chapa “A” tem direito a indicar 50% da diretoria, ou seja 15 diretores; a chapa “B” indica 30%, ou 9 diretores; e a chapa “C” indica 20%, ou 6 diretores, mantendo a vontade da categoria, que estará representada integralmente na diretoria do Sindicato, garantido voz às minorias.
UM POUCO DE HISTÓRIA…
Em meados dos anos 1990, a presidência do Sindicato era exercida por Laércio Pereira (hoje, bancário da CEF em São Paulo, membro do MNOB). Dentro da CUT (à qual o Sindicato era filiado) existiam diversas formas de se pensar a política geral e a sindical em particular: Convergência Socialista, Causa Operária, O Trabalho, CUT pela Base, entre outras. O Sindicato dos Bancários de Bauru, que sempre foi exemplo de pioneirismo, sendo um dos primeiros sindicatos de Bancários do Brasil a se filiar à nascente Central Única dos Trabalhadores (CUT), foi também um dos poucos sindicatos a adotar o critério da proporcionalidade para sua diretoria, refletindo a diversidade política da base.
Alguns membros da diretoria atual, compuseram a diretoria da Sindicato através da proporcionalidade, mesmo sendo a minoria nas eleições sindicais: Paulo Tonon, Maria Emília, Paulo Sérgio “Macatuba”, Fabiana Matheus (sim, da CEF/FENAE), entre outros. A proporcionalidade, que é uma das bandeiras da CSP-Conlutas, que orienta, mas não impõe conduta aos seus movimentos filiados, garantiu que a diretora do SEEB, Priscila Rodrigues, fizesse parte da Secretaria Executiva Nacional (SEN) da Central, mesmo a FNOB tendo uma quantidade ínfima de votos na assembleia que elegeu a SEN daquele período.
As eleições do Sindicato dos Bancários de Brasília, que é majoritária (ou seja, quem ganha a eleição leva todos os cargos), é um exemplo da falta de democracia: a chapa 2, da situação, teve 4.556 votos, e a chapa 1, da oposição, obteve 4.385 votos – uma diferença de 171 votos. Ou seja, quase metade dos bancários de Brasília não tem representação no sindicato. Não queremos isso para o nosso Sindicato!