Com o início de janeiro, a Crefisa e o Mercantil, que venceram o leilão da folha de pagamento de aposentadorias e benefícios do INSS, assumiram o repasse aos beneficiários. Os bancos irão gerenciar a folha até 2029.
Apesar do INSS ter publicado, em agosto do ano passado, normativa determinando que as instituições bancárias detentoras do pagamento de benefícios teriam vantagem na oferta e contratação de crédito consignado para novos aposentados e pensionistas do órgão, a regra está suspensa por decisão judicial.
Pela normativa, as instituições poderiam oferecer consignado sem o bloqueio de 90 dias, imposto aos demais bancos. No entanto, uma liminar do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), atendendo a um pedido da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), barrou a medida.
O INSS está recorrendo da decisão. Em sua defesa, o órgão afirma que os valores arrecadados com a folha de pagamento são utilizados para manutenção das 1.600 agências no país e que parte dele vai para sanar o déficit das contas públicas.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, os aposentados e pensionistas devem ter extremo cuidado com o consignado, que pode comprometer até 45% da renda mensal, e com os demais empréstimos que podem ser ofertados pelos bancos. Principalmente pelo fato de que, a maior vencedora do leilão do INSS foi a Crefisa, que arrematou 25 dos 26 lotes regionais.
A instituição é amplamente conhecida e condenada por suas taxas de juros elevadas. Em 2023, a Justiça paulista condenou o banco dezenas de vezes por cobrar juros abusivos de pessoas idosas. Os juros cobrados, de acordo com as decisões, chegam a 987,22%.
Além disso, é importante destacar que a Crefisa não possui bancários, mas sim funcionários contratados sob outro regime, o que pode configurar desvio de função. Essa prática desvaloriza a profissão bancária e compromete os direitos dos trabalhadores e a qualidade do atendimento oferecido aos clientes.