Durante o Encontro da Frente Nacional de Oposição Bancária (FNOB) realizado no final de maio, a pesquisadora do ILAESE (Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos), Érika Andreassy, apresentou dados de um levantamento realizado em 2022 sobre o setor bancário. A pesquisa mostra que, desde 2012, os bancos reduzem aceleradamente o número de agências e de bancários – trocando eles por terceirizados, PJs e profissionais de Tecnologia da Informação (T.I). A atitude ignora o aumento de clientes nas carteiras bancárias e a demanda nos locais de trabalho.
Em 2012, o total de empregos registrados foi de 414.780 trabalhadores. Já em 2020, foi de 272.671, uma queda de 34,26%. Houve redução massiva dos trabalhadores classificados como Escriturários de serviços bancários: passou-se de 197 mil empregados em 2012 para 108 mil ao fim de 2020, uma queda de 44%. No entanto, houve aumento de trabalhadores nos “cargos de chefia”, com jornada de 8 horas.
De acordo com a pesquisa, três aspectos podem ser observados nesta situação:
- A redução nos postos de trabalho coincide com o início da crise econômica brasileira, em 2013, quando o país amarga um quadro de estagnação econômica;
- A redução também coincide com o maior grau de automação no setor, processo genericamente denominado de indústria 4.0;
- A redução se acelerou nos anos de 2019 e 2020. Nesse último ano, com notório impacto da pandemia de COVID-19.
O levantamento também apontou que a tendência de maior crescimento dos empregos nos bancos privados em relação aos bancos públicos foi notável. Em 2006, os trabalhadores empregados pelos bancos públicos ou de economia mista representavam 35% do setor. Já em 2020, apenas 30% era público, enquanto nos bancos privados, 70%.
Redução de agências
No início de 2017, os cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Caixa e Santander) possuíam 19,9 mil unidades. Já em março de 2022, esse número caiu para 15,6 mil, uma queda de aproximadamente 21,6%.
Perdas salariais
Os gastos dos bancos com seus funcionários é baixíssimo. A Caixa e o Bradesco, por exemplo, gastam respectivamente, apenas 3% e 4% do seu orçamento com o pagamento de seus empregados. O Banco do Brasil e o Itaú gastam 7,5% e 13,3%.
Em contrapartida, os bancários amargam profundas perdas salariais. Em 2006, a remuneração média equivalia a aproximadamente 9,85 salários mínimos. Houve uma queda superior a 2 salários mínimos desde então, terminando o ano de 2020 com uma remuneração média de 7.76 salários mínimos. Ou seja, no período, as perdas chegaram a 11,81%.
Produtividade e exploração
Em 2021, o lucro líquido consolidado dos quatro maiores bancos brasileiros (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) foi de R$ 81,63 bilhões. Maior lucro nominal já registrado desde 2006. Com tamanha lucratividade, a produtividade por trabalhador (considerando o resultado bruto e a massa salarial) atingiu o mais elevado patamar dos últimos anos, segundo o ILAESE (veja tabela abaixo).
O estudo também apresentou a taxa de exploração em todos os bancos, entre 2015 e 2021. No cálculo, foi considerado o resultado bruto do banco mais a massa salarial de seus respectivos trabalhadores. Depois, os pesquisadores apresentaram o tempo necessário para o pagamento dos salários – em uma jornada de 8 horas de trabalho – e o tempo em que a atividade dos bancários apenas gera resultados para a empresa. Confira:
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, os dados reafirmam a necessidade da categoria intensificar as mobilizações da Campanha Salarial 2024, em defesa da manutenção dos empregos e contra as demissões, metas abusivas e adoecimento.