Nessa quarta-feira (21), a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem informando que “a CGU (Controladoria-Geral da União) investiga se a cúpula do Banco do Brasil agiu de má-fé na demissão dos dois principais dirigentes do Comitê de Auditoria Interna no final do ano passado”. São eles: o auditor-geral Aureli Balestrini e seu principal assessor, Alexander Alves Pires. O BB acusou os ex-executivos de fraude no programa de demissão incentivada.
De acordo com o jornal, “no início deste ano, a CGU anulou o processo da demissão [por justa causa] pela forma como foi conduzido, mas ainda analisa o mérito”. Ainda segundo a reportagem, “nesse período, o banco reintegrou três assessores do comitê que tinham sido afastados”. Aureli Balestrini conseguiu uma liminar determinando sua readmissão, mas foi reintegrado em uma posição inferior, com salário menor.
“O BB afirma que ambos fraudaram as regras do programa de desligamento do banco, permitindo que mais pessoas da própria auditoria saíssem ganhando um bônus”, conta a Folha. “Segundo a CGU, com isso, o banco gastou cerca de R$ 2 milhões a mais.”
Balestrini e Pires negaram as fraudes e, por isso, recorreram à CGU e também ao TCU (Tribunal de Contas da União). “Às autoridades eles denunciaram um plano da cúpula do BB e de seu conselho administração de acabar com o trabalho da auditoria interna”, informa o jornal, acrescentando que, “ao todo, foram duas demissões e seis destituições de cargos (afastamento) de auditores auxiliares”.
Os dois afirmam que os problemas começaram porque eles questionaram negócios feitos pelo BB que teriam gerado perdas ao banco. “O TCU investiga se houve prejuízo em duas dessas operações: a venda de carteira (empréstimos do BB) para o BTG Pactual por cerca de R$ 300 milhões e a parceria do BB Investimentos com o UBS”.
Para os dirigentes demitidos, “no primeiro caso, (…) havia dívidas de clientes do BB no pacote de créditos vendidos ao BTG que seriam facilmente recebidas se fossem cobradas pelo próprio banco”. Segundo eles, “com a venda de ‘créditos bons’, o BB deveria ter pedido mais do que pagou o BTG”.
Quanto à parceria com o UBS, Balestrini e Pires dizem que “os ganhos previstos seriam de cerca de R$ 78 milhões”, mas que “o BB, com equipe própria, conseguiria gerar R$ 70 milhões em ganhos”.
As partes envolvidas não quiseram comentar o caso com o jornal porque os processos correm sob sigilo.
O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região sempre desconfiou da transação entre o BB e o BTG Pactual, banco que tem como um de seus fundadores o ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes. Foi a primeira vez na história que o BB vendeu uma carteira de crédito a uma instituição que não pertence ao seu conglomerado. O Sindicato espera que tudo seja apurado e esclarecido.