O Bradesco, segundo maior banco privado do país, transferiu para a União – cofres públicos – sua dívida de R$1,8 bilhão após o rombo nas Americanas. Prejuízo do banco foi socializado e 40% da dívida foi empurrada para o contribuinte.
A informação foi publicada no jornal Correio da Manhã, pelo jornalista Cláudio Magnavita. Segundo o texto, o Bradesco usa de um artifício no mercado financeiro chamado de “receita cessante”, quando há perda do lucro esperado em função de um imprevisto. Ao determinar o lucro real do trimestre, o provisionamento para créditos duvidosos é abatido no imposto a pagar. No dia 9 de fevereiro, o banco anunciou que fez uma provisão extraordinária de R$ 4,9 bilhões para cobrir sua exposição total às Americanas. A “jogada contábil” resultou em R$ 1,8 bilhões de imposto a menos.
A transferência do prejuízo teve o aparato legal da Resolução nº 2682 do Banco Central, de dezembro de 1999, que dispõe sobre critérios de classificação das operações de crédito e regras para constituição de provisão para créditos de liquidação duvidosa. Com 24 anos de existência, a resolução criada no governo de Fernando Henrique Cardoso deveria ser atualizada, porém, segue beneficiando os banqueiros em caso de crises e dívidas contraídas em investimentos e operações de risco.
Itaú e Santander
O Bradesco não foi o único que provisionou para pagar menos impostos aos cofres públicos. O Itaú e o Santander também tomaram a mesma decisão e provisionaram o equivalente a 30% da dívida das Americanas.
De acordo com a lista atualizada de credores da Americanas na recuperação judicial, a empresa deve também ao BTG e Safra.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, o governo Lula não pode aceitar essa “jogada contábil” do Bradesco, afinal, ela beneficia somente a própria instituição financeira, enquanto a União e os contribuintes são prejudicados pelo calote do banco.