O Banco do Brasil está passando por um de seus piores momentos em toda história. Prova disso, tem sido o seu uso político por parte do presidente Jair Bolsonaro. Um levantamento dos empréstimos realizados pelo BB, em 2021, aponta que mais de dois terços dos R$ 5,3 bilhões em créditos concedidos para os estados foram para governadores aliados ou de partidos que têm nos quadros apoiadores da atual gestão federal.
Na semana passada, o estado de Alagoas recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obter recursos financeiros após as constantes negativas do BB aos empréstimos e saído do banco das negociações sem aprestar qualquer justificativa. O estado é governado por Renan Filho, cujo pai, o senador Renan Calheiros, foi relator da CPI da Covid-19 no ano passado. O governo de Alagoas havia solicitado R$ 770 milhões para investimentos em infraestrutura e já tinha até aprovado uma lei, em julho de 2021, autorizando o empréstimo.
Coincidentemente, o governo da Bahia, sob comando de Rui Costa, do PT, também enfrenta dificuldades para contratar empréstimos no BB. O estado solicitou um crédito de R$ 228 milhões para infraestrutura, mas apesar de ter nota B na classificação do Tesouro até agora não foi atendido. Já a cidade de Chapecó (SC) não teve o mesmo problema e conseguiu rapidamente, até com garantia da União, um empréstimo de R$ 300 milhões ano passado. O município tem prefeito aliado de Bolsonaro e, inclusive, recebeu uma das motociatas do presidente durante a pandemia.
O BB nega que esteja beneficiando aliados políticos de Bolsonaro na concessão de empréstimos e alega que apenas segue “critérios técnicos”. Mesmo assim, integrantes da equipe econômica do banco, nos bastidores e sob condição de anonimato, relatam que existe pressão política para a liberação de verbas atualmente.
O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região repudia o uso do Banco do Brasil como moeda de troca de apoio ao governo Bolsonaro.