A Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados realizou no dia 10, uma audiência pública sobre o impacto do fechamento de agências da Caixa Econômica Federal. Em junho deste ano, o banco anunciou uma nova reestruturação com fechamento de 128 agências físicas. Destas, 117 serão transformadas em digitais e 11 serão fechadas.
O debate foi solicitado pela deputada Erika Kokay (PT-DF). Para ela, o fechamento de unidades do banco público “pode levar à desestruturação do atendimento à população, agravando a exclusão financeira e gerando desemprego em massa”. Atualmente, a CEF possui 4.170 agências físicas e 150 milhões de clientes.
Representando o banco, a superintendente nacional de estratégia de clientes, canais e inovação, Fernanda de Castro, disse que a instituição tem consciência da importância de manter unidades físicas espalhadas por todo o Brasil. “As unidades que foram escolhidas para serem reposicionadas para o digital estão em localidades onde nós temos outras unidades da Caixa em um raio de pelo menos 3 quilômetros”, explicou.
Contudo, Castro defendeu a necessidade de presença da Caixa em meios digitais. Segundo ela, nos últimos anos, houve 231% de crescimento no uso de celular para transações bancárias em geral. Apesar dos avanços tecnológicos, segundo a superintendente, a CEF abriu 70 novas unidades físicas, sobretudo nas regiões Nordeste (32), Norte (13) e Sudeste (12).
Impacto
Em contrapartida, os representantes dos trabalhadores que estiveram presentes na audiência criticaram a falta de planejamento e aviso prévio do banco em relação aos fechamentos. Além disso, destacaram que, além de impactar a comunidade, comerciantes, empregados, clientes e usuários, o encerramento dessas unidades intensificou a sobrecarga de trabalho e a precarização no atendimento. A CEF tem parcerias com mais de 13 mil lotéricas e 8 mil correspondentes. Diferentemente das agências bancárias, nesses locais não há qualquer segurança.
O impacto na articulação das políticas sociais também foi um ponto levantado pela deputada Erika Kokay, que destacou o caráter social da Caixa e sua presença fundamental em todas as regiões do país. “O fechamento de uma agência não é apenas a perda de um espaço de operações bancárias, mas também de um ponto de articulação e execução de programas sociais essenciais”, destacou.
Os prejuízos dos terceirizados também foram discutidos. Sobre isso, a representante da CEF se comprometeu a agendar uma reunião com as entidades representativas desses trabalhadores para discutir a necessidade de termos assegurando as condições legais de trabalho.
O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região defende que, ao contrário do que está sendo feito, a Caixa precisa expandir suas unidades por todo o país, além de contratar mais funcionários para que toda demanda seja efetivamente suprida.