Depois de cinco reuniões e de muito pouco caso, no dia 7 a Fenaban apresentou aos bancários a sua primeira proposta para a Campanha Salarial 2018: reajustar salários e demais verbas (vales, PLR, etc.) somente pela inflação. Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, essa é a proposta mais ridícula dos últimos anos.
No dia seguinte à reunião, dia 8, o IBGE divulgou o INPC referente a julho, que foi de 0,25%. Com isso, a inflação acumulada em 11 meses – de setembro (data-base dos bancários) até julho – é de 3,59%. Agora só falta somar a esse número o índice relativo a agosto, que deve ser divulgado também por volta do dia 8 de setembro.
Como se não bastasse a péssima proposta econômica, que não leva em conta as perdas salariais da era FHC, a proposta da Fenaban se mostra ainda pior porque ignora pontos como a garantia e a ampliação de direitos, a terceirização, a garantia de emprego, a não contratação de bancários como PJ e o aumento dos problemas de saúde da categoria.
BB
No mesmo dia 7 o Banco do Brasil também apresentou sua proposta de acordo. O BB propôs manter a maioria dos itens do ACT, seguindo o que for firmado na mesa única de negociação da Fenaban, inclusive nas cláusulas econômicas.
O banco insiste em incluir no acordo uma cláusula que permite descomissionar funcionários após dois semestres de má avaliação, o que, para o Sindicato, é um absurdo.
De positivo, apenas o aumento do intervalo de almoço (a critério do funcionário) e a inclusão de novas ausências autorizadas. De resto… silêncio.
CEF
A Caixa Econômica Federal também apresentou sua proposta de ACT no dia 7, ignorando vários direitos que constam do atual acordo. São eles: PLR Social, adicional de trabalho em horário noturno, isenção da anuidade do cartão de crédito, juros diferenciados do cheque especial, isenção de tarifas em conta corrente, ausências permitidas, escala de férias, suplementação do auxílio-doença, adicional de periculosidade e insalubridade, 10 minutos de descanso a cada hora trabalhada, compromisso de mais contratações, entre outros.
“Esse retrocesso para o pessoal da Caixa é o reflexo das políticas do governo Temer”, afirma Alexandre Morales, diretor do Sindicato e funcionário do banco.
Calendário
O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, junto da FNOB (Frente Nacional de Oposição Bancária), defende a realização de assembleias no dia 20 para decretar greve por tempo indeterminado a partir do dia 22.
No dia 17 vai ocorrer uma nova reunião com a Fenaban, mas o Sindicato entende que sem luta dificilmente a categoria obterá uma proposta que reflita a prosperidade do sistema financeiro.
Vale lembrar que só em 2017 os cinco maiores bancos do país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e CEF) lucraram juntos R$ 77,4 bilhões, e esse número será ainda maior em 2018. Ou seja: não existe crise para os banqueiros!
A inércia da CUT
Passados quase dois meses da entrega das pautas de reivindicações à Fenaban, ao BB e à CEF, o que mais chama a atenção, além da intransigência dos banqueiros, é a inércia da Contraf/CUT. Após ouvir muito “não” nas negociações, nas assembleias de anteontem, dia 8, quando poderia iniciar um calendário de greve da categoria, a CUT limitou-se a aprovar paralisações parciais no dia de hoje (10) e um dia de luta nos bancos públicos no dia 15. Mesmo fora do governo, a CUT/PT segue fazendo seu jogo, ignorando os trabalhadores e priorizando projetos partidários.