Três meses após as primeiras denúncias de importunação sexual de clientes contra bancárias, o Santander continua se recusando a fornecer celular corporativo aos funcionários. Em reunião realizada no dia 17, com o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região e a equipe da deputada Sâmia Bomfim, o banco declarou que ainda está buscando uma solução para o caso, mas não cogita a compra dos aparelhos.
Há anos o Santander não disponibiliza telefone corporativo e exige que seus funcionários utilizem seu próprio aparelho para vender produtos financeiros aos clientes. A prática tem submetido bancárias a crimes de importunação sexual e até de ameaça (veja aqui). Em julho, o Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT) instaurou processo para apurar os casos de importunação sexual. A denúncia ao órgão foi feita pela deputada, que acolheu pedido de ajuda do Sindicato.
Incoerente
Representantes do Santander argumentaram que a instituição elaborou uma cartilha sobre assédio, cujo conteúdo tem sido discutido com os funcionários. A medida foi considerada incoerente pelo Sindicato e pela equipe de Sâmia, afinal, ela não contribui de forma alguma para o fim dos abusos, já que eles são praticados pelo público/clientes.
Ação
Em 2023, o Sindicato ingressou na Justiça com uma ação civil pública pleiteando que o Santander seja condenado a fornecer telefone corporativo para cada trabalhador. Além disso, também solicitou o pagamento de indenização e reembolso pelo uso/desgaste do aparelho de celular pessoal; o pagamento de horas de sobreaviso – quando o trabalhador tem a obrigação de atender os chamados fora do horário de trabalho; e que o banco seja obrigado a limitar o uso do celular corporativo às dependências do local de trabalho durante a jornada.
A audiência de instrução (para oitiva de testemunhas) desse processo está agendada para o dia 21 de novembro.