O Jornal do Brasil tem publicado, aos domingos, reportagens sobre o que chama de “agiotagem legalizada”. O foco é na diferença de juros cobrados no Brasil na comparação com outros países. Aqui, o spread bancário é gigantesco (spread é a diferença entre o quanto o banco paga pelos recursos que arrecada e o quanto ele cobra dos clientes).
No dia 11, a primeira dessas reportagens expôs o Santander, informando que banco espanhol cobra tarifas e juros até 20 vezes maiores dos clientes brasileiros, na comparação com o que cobra dos clientes espanhóis – a diferença chega a 1.761%!
Se os clientes são explorados, com os funcionários, não é diferente. O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região defende que o Santander assine um acordo global, que uniformize a atuação de seus funcionários em todo o mundo. “Na Espanha, o Santander segue as recomendações do Comitê Europeu de trabalhadores. Por que não seguir essas recomendações no Brasil?”, questiona Maria Emília, funcionária do banco e diretora do Sindicato.
Há anos que o Brasil é a maior fonte de lucros do Santander no mundo. Aqui, o banco lucrou R$ 9,953 bilhões, em 2017, o que representou 26% do seu lucro global. Mas se o Brasil gera muito dinheiro para o Santander, é aqui que o banco se mostra mais irresponsável socialmente.
Comparando as dívidas públicas brasileira e espanhola, vê-se que o estado espanhol tem uma relação de endividamento/PIB 30% maior, e nem por isso os espanhóis pagam as taxas de usura praticadas no Brasil.
Assim, a reportagem conclui que são os juros cobrados pelo sistema financeiro brasileiro o principal fator inibidor do crescimento e do desenvolvimento da economia. No fundo, o Brasil é o “paraíso dos rentistas”.
Desde que o Santander chegou ao Brasil o Sindicato denuncia os abusos a que o banco submete funcionários e clientes. Não podemos aceitar tanta exploração!
(Bancários na Luta nº 23)