Os acionistas do Banco do Brasil devem votar nesta sexta-feira (26), uma proposta de incremento do salário dos seus executivos, incluindo da presidente, Tarciana Medeiros. Com um ano e quatro meses no cargo, ela pode receber um reajuste de quase 57%, elevando seu salário de R$ 74.972 mil mensais para R$ 117.470 mil por mês.
A vice-presidência do BB também teria um aumento de R$ 67,1 mil para R$ 90,1 mil, enquanto os salários de diretores passariam de R$ 56,8 mil para R$ 69,2 mil. Os novos salários, se aprovados, terão um custo anual para a instituição de R$ 94,4 milhões. A proposta foi apresentada pelo comitê de remuneração e aprovada pelo conselho de administração do banco.
A justificativa? De acordo com a colunista Andreza Matais, do UOL, o argumento do BB para submeter o aumento de salário à assembleia seria de que os valores dos executivos ficaram congelados no intervalo entre 2016 e 2022 e estão “defasados”, enquanto a remuneração fixa dos demais funcionários do banco foi atualizada.
Esse reajuste, então, segundo a instituição financeira, seria necessário para equilibrar internamente as remunerações para que sejam “justas” frente às responsabilidades dos cargos. Lembrando que o BB também paga remuneração variável (participação nos lucros) aos seus executivos.
Outro pretexto para a elevação seria o bom desempenho do banco em 2023. Conforme o próprio BB divulgou, houve um lucro líquido ajustado recorde de R$ 35,6 bilhões em 2023, o que representa um retorno sobre patrimônio líquido (RSPL) de 21,6% e um crescimento de 11,4% em relação a 2022.
Diante dessa situação, o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região entende que os executivos do BB estão levando em consideração a defasagem dos salários e o alto lucro do banco para reajustes de pagamentos apenas quando se trata da própria remuneração.
Os gestores ignoram, por exemplo, que o salário de todo o funcionalismo público no Brasil está defasado, não apenas dos executivos. Para se ter ideia, atualmente, a remuneração inicial de bancários no BB é de pouco mais de dois salários mínimos. Sem contar que o congelamento de 8 anos dos salários dos funcionários durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) nunca foi solucionado.
Assembleia dos acionistas
Vale destacar que esse tipo de alteração passará somente pelo crivo da assembleia dos acionistas do Banco do Brasil (BBAS3), sem ter que passar pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), do Ministério da Gestão, dada a normativa atual.