O Bradesco divulgou na quarta-feira (7) seus resultados do 4º trimestre de 2023. O balanço veio acompanhado do anúncio de uma nova reestruturação na instituição. O “plano estratégico” não foi previamente comunicado, muito menos discutido, com os trabalhadores e movimento sindical.
Em 2023, o segundo maior banco do país registrou lucro líquido recorrente de R$ 16,3 bilhões, uma queda de 21,2% em relação ao resultado de 2022. No 4º trimestre o lucro foi de R$ 2,8 bilhões, redução de 37,7% em comparação com o trimestre anterior. O retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) ficou em 10,0%, com decréscimo de 3,1 pontos percentuais em doze meses.
A carteira pessoa física cresceu 1,2% na mesma comparação anual, totalizando R$ 365,4 bilhões e representando 41,7% do saldo total das operações de crédito do banco. Os destaques foram o crédito rural (+9,8), financiamento imobiliário (+5,5%), crédito consignado (+3,0%) e cartão de crédito (2,8%). O segmento pessoa jurídica apresentou queda de 3,6% no período, totalizando R$ 511,8 bilhões. O saldo da carteira de grandes empresas obteve queda de 3,0%, o das micro, pequenas e médias empresas registrou queda de 4,8% em 12 meses.
Fechamento de postos de trabalho e de agências
O Bradesco encerrou o 4º trimestre com 86.222 funcionários, com fechamento de 2.159 postos de trabalho em doze meses. Também foram fechadas 169 agências, 173 postos de atendimento e 77 unidades de negócios.
Reestruturação
Juntamente com o balanço, o banco divulgou seu “plano estratégico” para o período de 2024 a 2028. De acordo com a instituição, serão aplicadas uma série de iniciativas para retomar rentabilidade, com “potencial no Varejo”.
O plano conta com uma reestruturação no modelo de gestão. Haverá cortes de cargos executivos intermediários entre a diretoria e a presidência; mudanças nas áreas de RH e Negócios Digitais, com a separação da estrutura vertical do varejo físico e RH; lançamento do novo segmento “Afluente”, composto de clientes com renda superior a 25 mil reais; alterações na estrutura de varejo e atendimento; integração de todas as etapas do ciclo de crédito em uma nova área; implementação de um novo modelo de avaliação de desempenho e benefícios para a equipe do banco; entre outras medidas.
“Para um plano dessa envergadura numa organização do tamanho do Bradesco, deveríamos levar uns 6 meses elaborando. Fizemos em 60 dias”, disse o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, em coletiva de imprensa. “Só não trabalhamos na noite de Natal e no Réveillon. As equipes trabalharam sem férias”, vangloriou.
No dia em que anunciou os resultados do último trimestre de 2023 e as projeções, a instituição chegou a perder mais de R$ 25 bilhões em valor de mercado.
Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, a afobação do Bradesco em planejar uma reestruturação como essa em curto espaço de tempo já sinaliza como será a gestão durante os próximos anos: muita pressão, sobrecarga de trabalho, metas abusivas, demissões imotivadas e redução de agências. Ou seja, uma verdadeira gestão por estresse, resultando no adoecimento dos funcionários. Inaceitável!