O ex-diretor do Banrisul Consórcios, Gabriel Leal Marchiori, que está sendo investigado pelo Ministério Público do Trabalho e pela Delegacia Ministério Público do Trabalho e pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Porto Alegre, após denúncias de assédio sexual e moral, foi demitido por justa causa no dia 2 de janeiro. O desligamento foi informado ao executivo através de uma notificação extrajudicial do banco, que realizou apuração interna sobre o caso.
Um grupo de 13 mulheres denunciaram os abusos ao Ministério Público do Trabalho (MPT) no ano passado. As vítimas, que trabalhavam com Gabriel Marchiori, não sabiam dos casos entre si e tinham vergonha de contar a outras pessoas. No entanto, após uma estagiária relatar o abuso sofrido, os demais vieram à tona. Por conta do assédio, algumas delas sofrem com crises de ansiedade e estão em tratamento psicológico.
No início de novembro, após ciência da situação, o Banrisul destituiu Marchiori do cargo. Contudo, por ser cedido à Administradora de Consórcios, uma das empresas controladas pelo Grupo Banrisul, ele voltou ao quadro do banco, mas sem função gratificada e, poucos dias depois, apresentou atestado médico de afastamento por 90 dias.
Relatos
Relatos das vítimas mostram que Gabriel Marchiori constrangia as mulheres com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual. Pedidos de fotos do corpo, toques de forma inadequada e orientação sobre o tipo de roupa que elas deveriam usar no ambiente de trabalho estavam entre as práticas abusivas.
“Ele abriu um processo seletivo para alçar gerentes de agências. E aí meu calvário começou. Tenho muitas provas dele me assediando sexualmente, pedindo fotos minhas, para eu tirar fotos de costas, ir na minha casa. Último assédio foi no dia 3 de novembro. Deu ordem para eu vir no outro dia sem sutiã. Elogiou uma camisa que eu tenho, mas dizia que o que estragava era que usava sutiã. São pílulas ao longo de quatro anos em que ele me assedia, percebe que sou arredia, que não caio nos pedidos dele, aí ele me trata com extremo desprezo, me exclui de projetos. Vivo altos e baixos porque estou sempre sendo punida. Tenho prints dele dizendo que, se eu quero ascender profissionalmente, tenho que repensar minha postura, tenho que ser mais aberta às brincadeiras, ao que ele propõe”, desabafa uma das vítimas.
“Ele tinha falado outras vezes, mas eu tentei não dar bola. Ele disse: ‘Ah, tu sabe um lugar bom aqui dentro do banco para transar?’ Começou a falar que um lugar bom era lá na obra (em um setor do prédio), que ninguém vai lá. Depois começou a falar dentro do carro… Voltei da licença-maternidade em novembro de 2022. Por amamentar, eu fazia uma hora a menos. Chegava às 8h e ia embora às 16h. Um dia, estava arrumando minhas coisas, ele questionou: ‘Está indo embora agora, tu chega às 7h?’. Eu disse que tinha atestado. Ele perguntou: ‘Ah, como tu comprova o atestado de amamentação, tu pega e vai lá no superintendente de gestão de pessoas, tira a teta para fora e jorra leite na cara dele?’ Não consegui ter nenhuma atitude. Levantei e fui embora.”
O Sindicato dos Bancários de Bauru e Região espera que Gabriel Leal Marchiori também seja devidamente punido na Justiça, caso o MPT e a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher cheguem à mesma conclusão que o Banrisul. A conduta do ex-diretor é completamente asquerosa e criminosa! O crime de assédio sexual está previsto no Código Penal (art. 216-A), com pena de um a dois anos de detenção.
A entidade reitera sua solidariedade às vítimas e destaca a importância do combate às práticas abusivas nos bancos e a celeridade na apuração dos casos. Denuncie ao Sindicato qualquer indício de assédio sexual e moral no trabalho: (14) 99868-4934. O sigilo é garantido!